terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Aluno na Biblioteca da Escola

Consultora Pedagógica Maria José Nóbrega



Com cada faixa etária é possível um tipo de trabalho diferenciado na biblioteca.


As sugestões a seguir foram criadas por Carol Kuhlthau, da Rutgers University, nos Estados Unidos, em seu livro Como Usar a Biblioteca na Escola. "A tradução brasileira, feita por um grupo de professores da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais, adaptou a obra com sugestões de bibliografia e atividades voltadas para a realidade brasileira, deixando-a ainda mais interessante", destaca a consultora pedagógica Maria José Nóbrega.


4 a 6 anos – Conhecendo a biblioteca: a principal atividade é ler muitas histórias, sempre curtas e simples, pois prender a atenção de uma classe inteira de crianças pequenas é difícil. Atividades lúdicas, como descobrir "onde o livro mora", introduzem os pequenos na organização do espaço.



6 e 7 anos – Envolvendo as crianças com livros e narração de histórias: nessa fase, que coincide com o processo de alfabetização, a prioridade se mantém na leitura em voz alta pelo professor, complementada por atividades de compreensão, como desenhar ou dramatizar a narrativa. As crianças devem escolher e manusear os livros da biblioteca ou sala de leitura.



7 e 8 anos – Prática de leitura: escutar uma história e, em seguida, mergulhar numa atividade, de preferência em grupo. Eles já podem entrar em contato com obras de referência, como enciclopédias e dicionários. Hora de começar a ler jornais e revistas.


9 e 10 anos – Começando a usar recursos informacionais: aos 9 anos, a criança consegue entender os mecanismos de procura por autor, título e assunto e pode produzir um texto usando duas fontes diferentes. O trabalho em grupo continua eficiente, mas é recomendável estabelecer uma agenda de leitura individual. Obras de que causem interrogações costumam ter boa aceitação.


11 e 12 anos – Usando a biblioteca de maneira independente: nessa fase de pré-adolescência ocorre notável diferenciação na classe, pois as meninas estão mais amadurecidas. Capazes de pesquisar em várias fontes (inclusive na internet) e produzir texto, todos são bem receptivos a jogos e gincanas. Textos de aventura e romance são bem lidos nessa fase de transição.


13 e 14 anos – Mergulhando no ambiente informacional: na adolescência nem sempre as atividades em grupo na biblioteca se mostram produtivas, por causa da dispersão natural da idade. Nesse período de muitas escolhas, de busca de independência e de identidade com o grupo, os alunos tornam-se conscientes do ambiente da informação e já estão totalmente familiarizados com a pesquisa em várias fontes, com o uso da internet e de recursos audiovisuais, muitas vezes para buscar assuntos de interesse pessoal. É a última etapa antes da autonomia no uso da biblioteca, que se concretiza durante o Ensino Médio.

O objetivo central, em qualquer trabalho envolvendo biblioteca escolar, é criar autonomia nos alunos.


"Tão importante quanto garantir o acesso à informação é ensinar o aluno a buscar, localizar, selecionar, confrontar, estabelecer nexos e, com base em tudo isso, produzir o próprio discurso e criar textos", ensina Edmir Perrotti, chefe do departamento de Biblioteconomia da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e um dos autores do projeto Biblioteca Interativa, implantado em São Bernardo do Campo


"A biblioteca escolar deve ser um espaço de formação e de educação para a informação."


Para criar uma sala de leitura dinâmica:


Existem várias sugestões simples que ajudam a construir o hábito de leitura e reforçam o papel da biblioteca escolar entre os estudantes:
Ao alcance da mão

Na Educação Infantil e nas primeiras séries do Ensino Fundamental, o ideal é deixar os livros em estantes-caixotes. Mais baixas, elas facilitam a visualização da capa, fator de escolha para quem não lê bem. Se tiverem rodinhas, elas podem ser levadas ao pátio


Acervo atualizado

É essencial fazer novas aquisições, repor e recuperar volumes danificados. A direção da escola, em parceria com a Associação de Pais e Mestres, deve escolher o que comprar. Boa dica é fazer assinaturas de revistas (pedagógicas e de interesse geral) e jornais


Deixe ler em casa

Em São Bernardo do Campo, Márcia Ploretti fez um curso de capacitação para ser contadora de histórias e incentiva a garotada a levar os livros para ler em casa. Além de administrar a entrada e saída dos volumes, ela ajuda os colegas a escolher material


O aluno é autor

O ambiente da biblioteca fica mais rico quando o aluno se sente parte dele. Ponha na estante livros produzidos em classe. E monte um painel como o da foto, que tem várias resenhas produzidas pelas próprias crianças. Entrevistas gravadas também devem ser arquivadas


Ambiente agradável

Boa infra-estrutura é essencial. Bancos acolchoados e pufes espalhados pelo espaço criam um ambiente acolhedor. Dedique atenção especial à iluminação da sala. O piso emborrachado permite que a criança leia sentada no chão e fantasias atiçam a criatividade


Mais autonomia

Segundo os especialistas, toda classe deve ir ao menos um dia por semana à biblioteca. Tanto faz se o horário é para pesquisa ou leitura livre. O que importa é dar autonomia às crianças, ensinando-as a localizar o que procuram e mostrando que a biblioteca é parte do dia-a-dia

Manuel Nogueira

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